Os muito idosos no município de São Paulo; The oldest old in the Municipality of São Paulo
Autoria(s):
- Ferreira, José Vicente Corrêa;
Data(s):
- 2006-09-05;
- 2007-03-16;
Tipo: dissertação (mestrado)
Publicador(es):
- Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP;
- Universidade de São Paulo;
- Faculdade de Saúde Pública;
Assunto(s):
- Envelhecimento;
- Muito idosos;
- Aging;
- Oldest old;
Contribuidor(es):
- Lebrao, Maria Lucia;
Direitos: liberar o conteúdo para acesso público.
Formato: application/pdf
Idioma: pt
Descriçao
Introdução: A humanidade passa por uma transformação notável, com profundas implicações para a organização social e para as políticas de Saúde Pública: o envelhecimento da população. Ao contrário dos países desenvolvidos, no Brasil e na maioria dos países em desenvolvimento a população idosa vem aumentando em um cenário de pobreza e despreparo. Nesse quadro, os idosos com idade igual ou superior a 80 anos – que, segundo o Censo de 2000, já eram 1.787.607 - representam um segmento da população pouco estudado e que possui demandas e características singulares e notavelmente diferentes das dos idosos mais jovens. Objetivo: Este estudo, parte do projeto SABE, tem como objetivo descrever as características sócio-demográficas e de saúde da população com idade igual ou maior que 80 anos residente no Município de São Paulo e que participou do estudo SABE no ano de 2000. Metodologia: Essa pesquisa é parte do Estudo SABE – Saúde, Bem-estar e Envelhecimento -, estudo multicêntrico que busca traçar o perfil dos idosos na América Latina e Caribe. A população de estudo foi composta pelos 2136 idosos residentes, no ano de 2000, na área urbana do município de São Paulo, e os dados coletados por meio de questionário padronizado. Resultados: observou-se uma alta prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis nessa população, com destaque para a hipertensão e doenças reumáticas. A dentição, a audição e a visão foram mal avaliadas pelos muito idosos entrevistados, e as quedas, realidade para 40,7% dessa população, foram sérias o suficiente para demandarem atendimento médico em 40,2% dos casos. Apesar da fragilidade funcional, uma alarmante proporção de indivíduos não obtinha tratamento adequado e acesso a medicamentos, mesmo para enfermidades graves, como diabetes, doenças cardíacas e cerebrovasculares. Além disso, esses idosos careciam de adequada assistência de cuidadores, mesmo em atividades básicas, como ir ao banheiro ou locomoção. Esse quadro é agravado pelo fato de 14% dos homens e ¼ das mulheres viverem sozinhos, sendo esse o arranjo domiciliar no qual os níveis de ajuda foram os menores encontrados. Os muito idosos brasileiros encontraram-se marginalizados por órgãos públicos e assistenciais despreparados para atender às necessidades especiais desse segmento. Descritores: envelhecimento, muito idosos; Introduction: The world has suffered a remarkable change over the last years with profound implications for Public Health policies: the ageing of its population. Differently from what has happened in developed countries, population ageing in Brazil - and in most developing countries – has taken place in an extremely challenging environment, in which wealth inequalities and inefficient health care systems are the rule. The oldest old are at grater risk because it is an age group that demands very specialized care. Objective: to describe the population aged 80 or over in the Municipality of São Paulo, Brazil, in the year 2000. Methods: this research is part of the SABE study (Helth, Well Being and Ageing), which aims to describe the elderly population in Latin America and the Caribbean. Subjects were 2136 elderly people in São Paulo, Brazil. A standardized questionnaire was used to collect the data. Results: there was a high prevalence of chronic diseases, especially hypertension and rheumatic diseases. Hearing and dental health were badly assessed; 42% had suffered at least one fall and 40,2% of these falls were serious enough to demand medical assistance. Despite the high prevalence of morbidities, a high proportion of the population – sometimes greater than 50% - did not have medicines or appropriate treatment for these diseases, being many of them as serious as heart diseases or diabetes. They also lacked assistance from caregivers, even for basic activities of daily living, such as moving around in the house or using the bathroom. 14% of the elderly men and 25% of the elderly women aged 80 or over lived alone, and this was the worst living arrangement when it comes to receiving help from caregivers. The future for the oldest old living in the Municipality of São Paulo looks bleak, and urgent measures have to be taken in order to prevent the health care system from collapsing.