This paper analyses the representations of childhood by women of rural communities from the state of Minas Gerais, in the first half of the 20th century, who have migrated to Belo Horizonte as adults and live in a suburban area of the Minas Gerais capital. We interviewed 13 women, and gathered demographic data and educational legislation of that period. During the interviews, the recurrent statement ?I had no childhood? can be understood asa contraposition made by them between a supposed ideal childhood, related to socially privileged classes, and childhood nowadays, the one they were excluded from. The evoked memories refer to the intense work routine in the field and in other people?s houses, the hardships to frequent a school, the poor state of the clothes, the lack of toys, but also the joyful moments of games and the participation on religious celebrations. Family, work and religion compete with the school as important spaces of sociability.KeywordsChildhood; Rural school; Women; Sociability spaces; Ce travail a pour but d'analyser les représentations sur l?enfance de femmes originaires de la campagne de Minas Gerais, dans la première moitié du siècle XX, qui ont migré pour Belo Horizonte dans la vie d?adulte et qui habitent dans des quartiers périphériques de cette ville. On a utilisé des entretiens avec 13 femmes, des données démographiques et de la législation éducationnelle de la période citée. Dans les entretiens, l?affirmation ?moi, je n?eus pas enfance? peut être regardée comme une opposition à une idée d'enfance idéale, parcomparaison aux mieux socialement privilégiés, et l'enfance de l?actualité, auxquels elles ne font partie. Les mémoires relatées montrent l?intensité des journées de travail dans la campagne et le travail chez les autres, la difficulté d'aller à l?école, la précarité des vêtements, l?inexistence de jouets, mais aussi des moments de joie autour des jeux et de la participation dans lescélébrations religieuses. Famille, travail et religion sont concurrents avec l?école comme des espaces très importants de sociabilité.Mots-cléEnfance; École rurale; Femmes; Espace de sociabilité; Este trabalho analisa as representações sobre a infância por mulheres originárias de comunidades rurais do estado de Minas Gerais, na primeira metade do século XX, que migraram para Belo Horizonte quando adultas e que residem num bairro periférico da capital mineira. Utilizou-se entrevistas realizadas com 13 mulheres, dados demográficos e a legislação educacional do período. Nas entrevistas, a recorrente afirmação "eu não tive infância" pode ser compreendida pela contraposição feita por elas a uma suposta vivência infantil ideal, relacionada aos meios socialmente privilegiados, e à infância da atualidade, da qual elas se excluem. As memórias evocadas se referem à intensa rotina de trabalhos na roça e nas casas dos outros, à dificuldade em frequentar a escola, à precariedade das roupas, à ausência de brinquedos, mas também a momentos alegres de brincadeiras e à participação nas comemorações religiosas. Família, trabalho e religião concorrem com a escola como importantes espaços de sociabilidade.Palavras-chaveInfância; Escola rural; Mulheres; Espaços de sociabilidade